Nas últimas semanas fatos perturbadores rodearam a mim, alguns amigos e a minha família. Situações que chegaram de surpresa e causaram sofrimento, angústia. Alguns chegaram a ter a esperança abalada.
Apesar de ter vivenciado e compartilhado esses momentos, me esforcei para pensar no que estava por vir, para ter fé no movimento da vida. Algumas coisas já começaram a clarear, boas novas chegaram... e é incrível como os fatos desconfortáveis chegam para movimentar a vida para melhor, mas o melhor só chega se estivermos dispostos a abrir mão do que já não nos tem serventia.
Penso que uma boa parte do sofrimento vem da angústia de não saber o que vem depois, e de tentar prever isso. Sofrer pelo que ainda não existe. Essa é a minha luta eterna...
(e de tantos outros!)
A poesia tem o dom de tocar nossas emoções eternamente. Podemos ler o mesmo poema todos os dias, e de alguma forma ele vai conversar conosco. Fernando Pessoa tem um que me conforta nesses momentos de ansiedade, sempre estou recorrendo a ele, como uma forma de me forçar a voltar à racionalidade.
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui só há a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
Alberto Caeiro
(Fernando Pessoa)
Pois e minha irma...
ResponderExcluirParte da dor vem por nao saber o que ha depois da curva.
Mas doi tambem fazer a curva e deixar tanta coisa pra tras.
Quisera eu ser sabia o bastante a ponto de nao me preocupar com o depois, nem sofrer pelo o que ficou.
A poesia nao poderia ser mais adequada que essa!
Adorei!
=)